Escola ,'

Por momentos , aqueles anos em que riscava , com traços grosseiros de giz , sete quadrados , um tanto ou quanto desproporcionais uns aos outros no chão , irrompem a minha mente .
Em dias de chuva , é como se inevitável fosse , recordo o solo do páteo da escola primária , todo lamaçento , em que faziamos uma covinha e jogavamos ao berlinde . O S. Martinho invadia os nossos minutos todos , saltar a fogueira e queimar as roupas , comer as castanhas , beber o sumo . Era doida por aquelas castanhas , acabadinhas de sair da fogueira .
Chegado o Verão , o calor , lembro que para nós era tentador subir aos locais mais perigosos , sem nunca concluir que podiamos cair dali . Brincar às escondidinhas e à apanhada .
Não esqueço o quão frágil era , o facto da Sra. Palmira ( única funcionária ) ter de me sentar no seu colo e dar - me a comer o lanche que a minha mãe me mandava para a escola , porque a vontade de brincar era maior e esquecia tudo o resto .
Os pequenos , grandes amigos que fiz , uns que nunca mais vi , outros que permanecem . Tudo o que aprendi .
De repente , aparece tudo à minha frente de novo e sorrio , fui tão feliz naquela escola . Agora , vendo tudo aquilo transformado num rancho , quis visitar , vi tudo de outra forma , com outro uso , ficou perfeito , encantador .

Poeira de Sentir ,'


Quero estar mais além ,
Ver o que há para ver ,
Ver o que rodeia esta bola gigante chamada Terra ,
A poeira que a invade é feita de sentimentos ,
Sentimentos tão poderosos ,
Capazes de torná - la meia negra , meia tons rosa .
Vejo lá ao fundo o que quero e não quero ver ,
É mais forte que eu ,
Tem de ser visto e sobretudo corrigido .
Sentimentos vãos e falsos são dispensados ,
Totalmente ridículos e obscuros .
É absolutamente necessário obrigar a parar isto ,
Esta incapacidade de sentir verdadeiramente ,
Única e exclusivamente aquilo que é possível sentir e não fingir sentir .

Ponto e Vírgula ,'

Às vezes ponho - me a pensar como a vida é mesmo efémera , como tudo pode mudar de um segundo para o outro , como agora estou aqui sentada a escrever estas palavras e como daqui a um minuto posso nem sequer estar aqui . É incrível como é tudo tão real e ao mesmo tempo tão irreal . Ontem à noite , eu como tantas outras pessoas depararam - se com o falecimento de Michael Jackson , ( outras pessoas , apenas hoje ) . E é como me diz a Inês : " Isto é estranho , para nós , é como se estas pessoas nunca pudessem morrer . " , eu concordo , julgo sempre o mesmo e esqueço - me de que são pessoas como nós . Mas não sentem o mesmo ? Não sentem que é difícil acreditar que alguém conhecido morreu ?! Eu pensei o mesmo quando aconteceu com o 'Dino' dos Morangos com Açúcar , parece que não é verdade . Não entendo muito bem este complexo que o ser humano 'normal' tem . Ou é pancada ou deve ter mesmo um nome que o meu cérebro não alcança . Pois é , é nestas alturas que tento imaginar tudo e mais alguma coisa mas não consigo chegar a lugar nenhum . É em situações como estas que tantas ideas surgem , de repente , e me atordoam . Onde estarei amanhã ? A fazer o quê ? Sem mais nem menos , desaparecemos assim , é tão difícil de imaginar . Enfim , coisas que normalmente não pensamos , muito menos diariamente mas que devido a certos acontecimentos , às vezes surgem - nos , ou talvez seja só comigo , não sei .